por Daniela Batistella
Lembro bem. Era 27 de agosto de 1998. Já faz muito tempo, mas nem o horário eu esqueci, eram seis horas da tarde. Lá estava eu, nos corredores da Faculdade de Artes e Comunicação, ouvindo o som que vinha da sala de piano. Os alunos do curso de música jamais deixam a FAC em silêncio.
Aquele era mais um dia de estágio no laboratório de vídeo, mas não um dia qualquer. Lá chegava eu para organizar câmera, baterias, microfone e cabos, o material que levaria para a cobertura do Festival de Folclore. Estava ansiosa, porque faria uma reportagem com os grupos estrangeiros.
Mas o som que vinha daquela sala de piano me deixava inquieta. A música invadia corredores sem pedir licença. Eu sabia quem estava tocando naquelas teclas. Isso aumentava ainda mais a minha ansiedade. Uma vontade de invadir aquela sala e ao mesmo tempo uma dúvida, o que ele vai pensar?
O desejo de estar ao lado dele falou mais alto. Lá fui eu, com toda a coragem. Para a minha surpresa ele não estava só. Uma turma de colegas contemplava a música que insistia em sair daquele piano.
Quando me deparei com todos aqueles rapazes me olhando, eu não sabia se pedia desculpa e saía rapidamente, ou se ali ficava ouvindo aquela música. Minhas pernas tremiam, meu coração batia num ritmo acelerado, e apesar do frio daquele final de tarde de inverno, eu suava.
Os amigos dele foram rápidos. Quando perceberam meu embaraço foram saindo um a um. Ali fiquei parada sem saber o que dizer. Até que tive coragem, e as únicas palavras que saíram da minha boca foram: “Tudo bem?”
Como de costume ele chegou e beijou a minha face. Naquele momento um sentimento de hesitação, felicidade e dúvida tomavam conta do meu corpo. Só nós dois naquela sala de piano. O silêncio tomou conta do ambiente. Eu não sabia o que fazer, apenas admirava aquele rosto que tanto desejava.
Foi então que ele me puxou. Nossos lábios tocaram-se. Foi o primeiro beijo de nossas vidas. Um momento de certezas, aquele seria o primeiro ato de um grande amor. Amor que permanece em nossos corações e a certeza que nada pode ser mais belo que a vida que construímos juntos.
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